É importante que os jovens saibam que existem duas maneiras de ser rebelde: uma é rebelar-se contra a sociedade, contra seu pai, contra sua mãe, contra a sua família, contra uma parcela de políticos, contra a corrupção, contra as injustiças sociais, contra a fome, contra a miséria, contra a violência, de uma maneira negativa, ou rebelar-se contra isso tudo de maneira positiva. Como são ambas essas maneiras?
A maneira que deveria ser preferencialmente escolhida pelos jovens, se eles não fossem lavados diariamente, mentalmente, pela imagem criada de “Ser jovem é…”, seria a rebeldia positiva, ou seja, buscar ser diferente, procurar ser melhor, procurar dar um exemplo para os adultos, ou seja, se os adultos caretas fumam, não fumar, se os adultos caretas bebem, não beber, se os adultos caretas são acomodados, não ser acomodado, se alguns políticos são corruptos, se roubam, se enganam, não ser corrupto, não roubar, não enganar, se a injustiça social, a fome, a miséria, a violência no Brasil e no mundo o incomoda, entrar em ONGs, Associações, Entidades, que lutam contra isso, para que um dia ninguém mais passe fome, para que ninguém mais viva na miséria, para que acabe a violência. Essa é a rebeldia positiva.
Mas, infelizmente, uma certa parcela dos jovens rebela-se de maneira negativa, ou seja, rebelam-se contra o errado agindo errado, e como ela é? Fumando, bebendo, drogando-se, indo mal no Colégio, mal na Faculdade, vivendo na noite, ou trancando-se dentro de si, magoando-se, deprimindo-se, enraivecendo-se, enfim, uma maneira de rebelar-se que não leva a nada, apenas leva à sua própria destruição, numa canalização mal dirigida de sua força jovem, de sua indignação adolescente, que deveria ser positiva mas é negativa.
Para aqueles, damos os parabéns, pois eles mudarão o mundo, para esses, damos um conselho: sejam diferentes do que não aprovam, não sejam iguais, pois estão mantendo o mundo exatamente como ele é ou até o piorando. Não se impressionem com o modelo norte-americano divulgado maciçamente pela mídia, pois esse é pré-fabricado e só quer que vocês sejam consumidores, ovelhas cordatas, prontas para adquirir e ser o que decretem que esteja na moda, o que é “jovem”, e não se impressionem nem imitem o modelo rebelde europeu, pois esse é decadente e até, às vezes, ridículo em um país tropical como o nosso, cheio de sol, céu azul e natureza, e não frio, cinzento e obscuro.
Existem duas maneiras de um jovem querer ser independente: uma achando que é independente, mas, na verdade, sendo prisioneiro da mensagem midiática, que lhe convenceu de que ser jovem independente é fumar, beber, “aproveitar a vida”, ser maluco, meio doidão, que é o estilo norte-americano e europeu de ser jovem.
A outra maneira é ser independente mesmo, não seguindo o que as mensagens comerciais incentivam, interessadas em transformar os jovens em meros consumidores, em fonte de renda, e ser então livre dessas mensagens capitalistas, consumistas, alienizantes, e ser um jovem realmente independente, que não obedece ao que dizem, o que os jovens “devem fazer”, como “devem ser”, que vocês “devem fumar”, que “devem beber”, que “devem aproveitar” as noites, os fins de semana, as férias.
Ser independente é mandar em si, mas para isso o jovem deve desenvolver um discernimento, uma visão crítica em relação ao que lhe entra pelos olhos e pelos ouvidos, se é uma mensagem positiva ou negativa, se visa incentivá-lo a usar a sua força jovem, a sua indignação, positivamente, para melhorar o mundo, ou para “aproveitar a vida”, que lhe dizem que é uma só, lhe dizem que a juventude passa rápido, que tem de fazer tudo o que pode, antes de – que horror! – virar adulto e, pior ainda, ficar velho!
No Oriente é um orgulho ficar velho, são pessoas que os mais novos buscam para pedir conselhos, orientações, mas aqui no Ocidente ficar velho é um horror, e, às vezes, até uma espécie de vergonha, que tantos adultos, dominados em sua mente por essas ideias materialistas, tentam até enganar(-se), mas isso é impossível. A diferença entre uma pessoa de 20 e uma de 60 anos é de apenas 40 anos, e isso, considerando a idade que o nosso Espírito tem, de algumas centenas de milhares de anos, é quase nada…
Os jovens gostam de infringir regras, mas quais regras devem ser infringidas? Uma das regras que os jovens devem infringir é a regra criada, por alguns segmentos da indústria e do comércio, de que “Ser jovem é ser doidão”, essa deve ser definitivamente infringida! Alguns programas de rádios jovens e alguns programas e filmes na televisão e sites na internet incentivam essa concepção, ela deve ser infringida totalmente. Jovens do Brasil: infrinjam essa regra!
Mas uma regra que nunca deve ser infringida é a regra moral que diz que os jovens devem esforçar-se para utilizar a sua energia e a sua força jovem para melhorar o mundo, para acabar com o hábito de fumar, de beber, de usar outras drogas, e saber utilizar o seu tempo para colaborar em organizações sociais, espirituais, humanitárias, para ajudar a melhorar o mundo. Essa regra deve ser imediatamente adotada! Em vez de ir para a pracinha fumar um baseado, em vez de ir ao bar tomar cerveja e jogar conversa fora, em vez de ficar horas e horas em frente à televisão assistindo
a programas que ativam os nosso chakras inferiores ou no computador “conversando” ou jogando ou passando o tempo, rebelar-se contra isso e procurar uma instituição onde possa unir-se a pessoas que trabalham para ajudar os pobres, os irmãos abandonados, carentes e doentes. Essa é uma ótima rebeldia.
Uma outra regra que deve ser infringida é a regra que diz que os jovens devem estudar e trabalhar em qualquer coisa que dê grana, ter um bom trabalho em que não precise esforçar-se muito, e não se importar com o que produz ou vende, se é bom e saudável ou ruim e prejudicial para as pessoas. Essa regra deve ser infringida! Uma boa maneira de rebelar-se contra essa regra é apenas trabalhar em empresas que visam ajudar o mundo a melhorar, que produzem produtos saudáveis e limpos, que vendem coisas boas para as pessoas. Essa é uma rebeldia verdadeiramente jovem.
Uma regra que não deve ser infringida é a que diz que os jovens devem estudar, ser ótimos alunos, para se tornarem ótimos profissionais e trabalharem em empresas, em órgãos governamentais, que se caracterizem por ter uma atividade que ajude a acabar com a injustiça social, com a fome, com a miséria, com a violência no Brasil e no mundo. Essa regra não deve ser infringida.
Mudar o mundo para melhor, deveria ser a principal atividade e meta dos jovens. Para isso, os jovens devem perceber o que piora o mundo, o que o mantém como está e o que pode melhorá-lo, para ele tornar-se, um dia, como nós, os utópicos, queremos. Por exemplo, um jovem é idealista e quer melhorar o mundo, e vai trabalhar numa fábrica de cigarros ou de bebidas alcoólicas, ou numa distribuidora dessas drogas, ou em algum local onde a venda é incentivada. Onde ficou o seu ideal? Está adorando a dois Senhores, a Luz e a Sombra. O que mais provavelmente acontecerá é que irá matar o seu sonho e irá tornar-se um adulto cínico e hipócrita, irá ser um adulto que irá se esconder por trás de um sorrisinho triste, de quem matou seu ideal juvenil, de quem está fazendo o que sabe que não é bom para o mundo, que trabalha em um local que não tem a preocupação social de ser útil para as pessoas, que visa apenas vender e ganhar dinheiro.
Outro exemplo: um jovem quer melhorar o mundo e vai trabalhar numa empresa que fabrica, que distribui ou que vende produtos supérfluos, que apenas incentivam o consumismo, a superficialidade e a futilidade dos outros jovens. Onde está a sua vontade de melhorar o mundo? Apenas em sua cabeça, mas não na sua prática, e aí não adianta nada.
* Texto extraído do livro “Como evoluir espiritualmente em um mundo de drogas” e do site “www.visibilidadezero.com.br